Caliandra Maira Carlesso Magero[1]
RESUMO
Sabe-se que a criança hiperativa tem dificuldades na escola e no relacionamento com colegas e professores. A criança com TDAH demonstra com mais precisão as características do distúrbio em idade escolar, sendo assim, a compreensão do fenômeno é importante para preparar o professor para lidar melhor com seus alunos e ser capaz de diferenciar a hiperatividade de um comportamento indisciplinado. Diante disso, este estudo de cunho teórico teve como objetivo principal encontrar formas de auxiliar o professor a fim de trabalhar eficazmente com crianças hiperativas contribuindo para que seu trabalho didático-pedagógico tenha êxito, evitando a exclusão do aluno com esse distúrbio, bem como identificando características da hiperatividade, causas e conseqüências deste distúrbio, reconhecendo a importância da família e escola serem aliadas no tratamento do hiperativo o auxiliando para que melhore seu desempenho escolar. Afirma-se, então, que pais e professores podem auxiliar na reintegração do indivíduo aos grupos sociais e possibilitar a estimulação e valorização de seu aprendizado.
Palavras-chave: Hiperatividade. Professor. Aprendizagem
Introdução
É cada vez mais comum ouvir a palavra hiperatividade em escolas a fim de identificar comportamento de um ou outro aluno, visto que, ela aparece na área pedagógica de forma cada vez mais insistente e por ser na escola que este distúrbio é mais facilmente identificado. Portanto, é necessário que todos os envolvidos com a aprendizagem saibam realmente o que é hiperatividade para que não haja exclusão nem falsos diagnósticos. Este estudo de cunho teórico teve como objetivo principal encontrar formas de auxiliar o professor a fim de trabalhar eficazmente com crianças hiperativas contribuindo para que seu trabalho didático-pedagógico tenha êxito, evitando a exclusão do aluno com esse distúrbio, bem como identificando características da hiperatividade, causas e conseqüências deste distúrbio, reconhecendo a importância da família e escola serem aliadas no tratamento do hiperativo o auxiliando para que melhore seu desempenho escolar.
Faz-se importante que a família e a escola aprendam a lidar com esta criança, que responde muito melhor, ao reforço positivo do que a punição, pois uma criança hiperativa tanto na escola, na família, quanto na sociedade está sempre “fora do contexto”. Portanto, acrescenta-se que esta criança tem que ser envolvida, motivada, para que ela mostre todo o seu potencial, pois são crianças inteligentes, criativas e intuitivas, na realidade esta criança não tem déficit de atenção, ela tem sim, uma inconstância na atenção e são capazes de uma hiperconcentração quando houver motivação.
O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao suporte terapêutico, com diagnóstico técnico e a terapia cognitiva comportamental, onde a participação da escola, na figura do professor, da família e de uma equipe multidisciplinar são fundamentais para encorajar a criança e motivá-la afastando-a da exclusão.
Trabalhar com uma criança hiperativa não é tarefa fácil, e por inúmeras vezes é desafiadora e desgastante, porém, é preciso levar-se em conta de que este tipo de transtorno por causa das inúmeras complicações leva a depressão, a insatisfação, a infelicidade e a exclusão.
É preciso, então, que a escola e família trabalhem juntas auxiliando no seu tratamento, na sua socialização, não esquecendo, porém, de que impor limites, é necessário, pois esta criança vive numa sociedade cheia de regras e não deve se prevalecer da patologia para causar conflitos, visto que, hoje em dia com o avanço das pesquisas sobre hiperatividade, o tratamento contribui para amenizar os sintomas, proporcionando ao portador de TDAH uma vida mais tranqüila.
Uma breve reflexão sobre a hiperatividade
Os problemas de dificuldades na aprendizagem são os mais diversos, por isso, os desafios são constantes para os profissionais da educação, principalmente em se tratando do TDAH-Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Vale ressaltar que as crianças, por natureza, são mais ativas e menos atentas que os adultos, o que às vezes, torna mais difícil a compreensão de alguns pais sobre o fato de a criança manifestar algum transtorno de aprendizagem.
Segundo Barkley e Murphy (2008, p. 09) “o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é o termo atual para designar um transtorno desenvolvimental específico observado tanto em crianças quanto em adultos, que compreende déficits na inibição comportamental, atenção sustentada e resistência à distração, bem como a regulação do nível de atividade da pessoa às demandas de uma situação”.
Acrescenta-se que toda a criança portadora de algum transtorno ou necessidades especiais precisa de atenção e carinho por parte da família e de acompanhamento feito por profissionais qualificados e habilitados, ou seja, a aprendizagem não deve ser comprometida pela falta de estímulo e incentivo.
Ao se falar de hiperatividade afirma-se que é um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com controle do impulso e com nível de atividade. Problemas esses que são refletidos em prejuízos na vontade da criança ou em capacidade de controlar seu próprio comportamento relativo à passagem do tempo em ter em mente futuros objetivos e conseqüências. Não se trata apenas de um estado temporário, porém normal, da infância. Não é causado por falta de disciplina ou controle parental, assim como não é sinal de algum tipo de maldade da criança.
Smith e Strick (2001) em seus estudos constataram que a hiperatividade é uma doença que afeta de 3 a 5 % da população escolar infantil, comprometendo o desempenho, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima.
Neste sentido, ressalta-se que as crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade são freqüentemente acusadas de "não prestar atenção", mas na verdade elas prestam atenção a tudo. O que não possuem é a capacidade para planejar com antecedência, focalizar a atenção seletivamente e organizar respostas rápidas.
De acordo com Bastos, Thompson e Martinez (2000) esse distúrbio é de origem genética e é causado pela pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsável pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e a motivação. Uma visão de base neurológica para o TDAH é que baixos níveis de catecolaminas resultam em uma hipoativação desses sistemas. Portanto os indivíduos afetados não podem moderar sua atenção, seus níveis de atividade, seus impulsos emocionais ou suas respostas a estímulos no ambiente tão efetivamente quanto as pessoas com sistemas nervosos normais.
Benczik (2000) define o transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade como um transtorno neurobiológico, de causas genéticas que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade, que podem ser expressos na forma de deficiências em sustentar a atenção, inibir os impulsos e regular a atividade motora. O transtorno está associado à impulsividade e distingue a criança por estar em constante movimentação corporal durante a execução de uma atividade e por agir impulsivamente. O não tratamento pode causar prejuízos à vida social, familiar, acadêmica e profissional do indivíduo.
Para Levy (2000), hiperatividade é um termo corrente para um comportamento irrequieto, superexcitado e infeliz. A criança não consegue fixar a atenção em uma atividade por mais de alguns minutos; os hiperativos sobem em móveis, falam compulsivamente, vivem perdendo material escolar e não suportam bem frustrações.
De acordo com o que já foi exposto Barkley (2002) também contribui afirmando que a hiperatividade é um transtorno real, um problema real e, freqüentemente, um obstáculo real. Ele pode ser um desgosto e uma irritação. Sendo assim, cada portador é, individualmente, um desafio para os profissionais da educação. O autor acima citado elucida que “as capacidades de parar, pensar, planejar e, então, agir, bem como a de sustentar a ação face à distração – coisas que a maioria de nós fazemos para ajudar a controlar a nós mesmos – são um problema para as crianças com TDAH” (p.63). Acrescenta-se, então, que a criança hiperativa por muitas vezes, apesar de não parecer sofre mais que qualquer um com seu transtorno.
A Hiperatividade é um desvio comportamental, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e atividades, acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada (TOPCZEWSKI, 1999). Portanto, acrescenta-se que a hiperatividade precisa ser encarada com seriedade, pois é um distúrbio que acompanhará o indivíduo pelo resto de sua vida e cabe a este saber conviver com este transtorno a fim de ter uma vida satisfatória estando razoavelmente ajustado e produtivo.
Hiperatividade: diagnóstico causas e consequências
Crianças hiperativas geralmente são caracterizadas como desatentas, impulsivas e agitadas e, podem apresentar uma variedade de problemas dentro do contexto escolar.
Alunos hiperativos geralmente apresentam dificuldades de manter a atenção, seguir ordens, ficar sentados e trabalharem de forma independente. Agregados a esses problemas surgem a baixa auto-estima e até mesmo a depressão que podem afetar significativamente o desempenho desses alunos.
Neste sentido, afirma-se que alunos hiperativos, crianças hiperativas são um constante desafio para pais e professores, é um problema comum, persistente ou crônico não há cura e muitos conflitos apresentados em virtude disso devem ser administrados dia a dia.
Em relação a isso Topczewski (1999, p. 57) salienta que os alunos que não apresentam dificuldades no aprendizado conseguem executar as tarefas de modo rápido e eficiente, mas como terminam antes que os outros, ficam a atrapalhar o trabalho dos colegas por conta da hiperatividade. Esse comportamento causa insatisfação ao grupo, que passa a reclamar e a interferência do professor, ao chamar a atenção do aluno, tem como objetivo primordial o de manter a classe organizada, provocando uma reação agressiva por parte do aluno, além de acentuar a hiperatividade. |
Afirma-se que problemas resultantes de hiperatividade estejam entre as razões mais freqüentes que justificam o encaminhamento da criança com problemas de comportamento a médicos, psicólogos, orientadores e outros profissionais de áreas afins.
Silva (2003) relata que o comportamento de um indivíduo que possui TDAH é baseado em um trio de sintomas formado por alterações da atenção, impulsividade além da inquietude física e mental. Conforme a autora, o sintoma de alteração da atenção é representado pela forte tendência à dispersão com grande dificuldade de se manter a concentração em algo ou alguma coisa por menor tempo que seja. Já a impulsividade é caracterizada por ações impulsivas realizadas por estes indivíduos, em que pequenas coisas podem despertar grandes emoções e a força dessas emoções gera os atos de impulsividade. A autora cita exemplos de situações em que a criança com TDAH poderá se envolver como: brincadeiras perigosas, dizer o que lhes vem à cabeça, através da agressividade, descontrole alimentar, tagarelice incontrolável, dentre outros.
A inquietude física existe quando a criança se mostra bastante agitada, se move sem parar em qualquer ambiente que esteja; já a inquietude mental ou psíquica se apresenta de uma forma mais sutil e pode ser entendida como um “chiado” cerebral que causa um desgaste bastante acentuado na mente dos hiperativos, sendo que a inquietude mental causa uma inaptidão social com problemas para se fazer e conservar amigos.
A criança hiperativa apresenta dificuldade de manter-se atenta, agitação, impulsividade, dificuldade para adiar recompensas, fatores que afetam a integração da criança em todas as suas relações: em casa, na escola. Suas relações afetivas são prejudicadas pelo estresse provocado pelo seu comportamento imprevisível e inconsistente. Destaca-se que seu rendimento escolar também é afetado de forma negativa.
É importante ressaltar que não existe nenhum teste diagnóstico absoluto para a hiperatividade. É preciso uma cuidadosa coleção de informações tanto da família quanto da escola. Além disso, não há sinais significativos na história do desenvolvimento da criança que com absoluta certeza possam contribuir para diagnosticar a hiperatividade.
A hiperatividade leva a um desempenho incompatível; pois a criança pode estar sentada prestando atenção no que a ela dizem e qualquer coisa insignificante a distrai, o dia a dia traz continuamente uma série de desafios produzidos por inúmeras deficiências ou poucas habilidades específicas. As crianças hiperativas compartilham deficiências similares, a dificuldade de prestar atenção, de controlar o corpo e as emoções e de pensar antes de agir. Entretanto, os problemas não se originam a das poucas habilidades, mas resultam da incapacidade da criança de satisfazer as demandas impostas pelo mundo exterior.
As crianças hiperativas têm dificuldade em se concentrar em tarefas e prestar atenção de forma consistente quando comparadas com seus colegas. Quanto mais enfadonha, desinteressante e repetitiva for a tarefa, maior a dificuldade encontrada. Tendem a ser excessivamente agitadas e ativas e facilmente levadas a uma emoção excessiva. Elas têm dificuldade de controlar o corpo em situações que exijam que fiquem sentadas em silêncio por muito tempo. Suas reações emocionais são mais intensas e freqüentes. Apresentam dificuldades de pensar antes de agir.
Com afirma Barkley (2002) as crianças hiperativas têm dificuldade de seguir as regras mesmo as conhecendo e as entendendo, porém sua necessidade de agir rapidamente sobrepuja sua reduzida capacidade de autocontrole, o que resulta em um comportamento inadequado e irrefletido.
Sendo assim, geralmente o comportamento das crianças hiperativas resulta em um grande número de reforços negativos fruto das tentativas dos pais de controlar a criança e com certeza se muitas forem suas experiências negativas, ficarão marcas para o resto da vida.
Enfatiza-se que o diagnóstico deste transtorno é eminentemente clínico, baseando-se em critérios operacionais clínicos, claros e bem definidos, proveniente de sistemas classificatórios confiáveis, executados por equipe multidisciplinar (médicos, psicólogos, pedagogos, fonaudiólogos, psiquiatras, neurologistas).
Acrescenta-se que o diagnóstico do TDAH é um processo de múltiplas facetas e pede uma avaliação ampla, não se pode deixar de considerar e avaliar outras causas para o problema, assim é preciso estar atento a presença de distúrbios simultâneos (comorbidades). Diante do exposto Andrade (2000) acrescenta que o aspecto mais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e desenvolvimental. A avaliação do TDAH inclui, frequentemente, um levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. O exame médico também é importante para esclarecer possíveis causas de sintomas semelhantes aos do TDAH (por exemplo, reação adversa à medicação, problema de tireóide, etc.). O processo de diagnóstico deve incluir dados recolhidos com professores e outros adultos que de alguma maneira, interagem de maneira rotineira com a pessoa que está sendo avaliada.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade se apresenta de quatro tipos: o do tipo predominante desatento, onde geralmente as crianças são dóceis, fáceis de lidar, porém com dificuldade de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, pois sua falta de atenção sustentada não deixa que ela mostre seu potencial.
O TDAH do tipo predominantemente desatento parece estar associado a mais devaneios, passividade, preguiça, dificuldades de concentração e com a atenção seletiva (filtrar as informações importantes daquelas não-importantes), processamento lento das informações, perturbação e confusão mental, reserva ou apreensão social, hipoatividade e recuperação inconsistente de informações da memória. É também consideravelmente menos provável que esteja associado com a impulsividade (por definição), assim como com o comportamento desafiador e opositivo, problemas de conduta ou delinquência. (BARKLEY; MURPHY, 2008, p. 16).
A do tipo hiperativo/impulsivo em que geralmente a criança não apresenta dificuldade a nível de aprendizagem nos primeiros anos de vida escolar, podendo aparecer problemas de aprendizagem, com a evolução do grau de dificuldade. Desenvolve um padrão de comportamento disfuncional tumultuando as aulas, é resistente à frustração, com dificuldade de seguir regras e instruções, por isso apresentam altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas.
Normalmente as crianças com este tipo de distúrbio tem dificuldade de lembrar de fazer as coisas, ou seja, não consegue reter informações na mente que serão posteriormente usadas para guiar suas ações no momento ou futuramente, são descritos como esquecidos, por esquecerem de fazer as coisas, Barkley e Murphy (2008, p. 11) contribuem afirmando que os hiperativos “são incapazes de reter na mente informações importantes das quais vão necessitar para guiar suas ações posteriormente e desorganizados em seu pensamento e em outras atividades, pois com freqüência, se esquecem do objetivo de suas atividades”.
Outro fator que se destaca é o atraso no desenvolvimento da linguagem interna (a voz da mente) e na obediência às regras. Este atraso em portadores de TDAH faz com que estes tenham dificuldade em ler e seguir cuidadosamente instruções, seguir listas de coisas a fazer e, até mesmo, de agir com princípios legais ou morais em mente.
O TDAH tem dificuldade de esconder suas emoções, estando mais propensos a manifestá-las em público, por conseqüência, são facilmente rotulados como imaturos. Barkley e Murphy (2008, p. 12) enfatizam que
Sujeitos com TDAH acham difícil ficar alerta para iniciar um trabalho que precise ser feito, e muitas vezes queixam-se de serem incapazes de se manter alertas ou mesmo despertar em situações tediosas, além de frequentemente parecerem estar sonhando acordados ou confusos, quando deveriam estar mais alertas, concentrados e ativamente engajados em uma tarefa.
Ressalta-se também a diminuição da capacidade para resolver problemas, ingenuidade e flexibilidade na busca de objetivos de longo prazo. Pessoas com TDAH acham que tais barreiras a seus objetivos são mais difíceis de superar, e, com freqüência desistem de seus objetivos diante dos obstáculos e não usam o tempo para pensar em outras soluções.
A hiperatividade do tipo combinado apresenta maior prejuízo no funcionamento global. Falta de atenção sustentada, hiperatividade e impulsividade. É caracterizada pela pessoa que apresenta os dois conjuntos de critérios dos tipos desatentos e hiperativo/impulsivo.
E, por último, a do tipo inespecífico, pois não apresentam o número de sintomas suficientes para serem classificados em nenhum dos tipos já citados, porém alguns dos sintomas estão presentes e prejudicando seu desempenho escolar e familiar, o critério passa a ser então mais dimensional do que quantitativo.
Ressalta-se, que não importa o tipo de hiperatividade, mas o mais importante é que se consiga trabalhar com esta criança, minimizando seus fracassos e potencializando suas conquistas, pois para a criança hiperativa também não deve ser fácil viver constantemente com sua vida diária desequilibrada.
Segundo Bromberg (2001), uma vez determinado o problema, se faz necessário o trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas. Estes devem fazer um planejamento quanto às estratégias e intervenções que serão implementadas para o atendimento desse aluno. Tais estratégias envolvem: modificação do ambiente, adaptação do currículo, flexibilidade na realização e apresentação de tarefas, adequação do tempo de atividade, administração e acompanhamento de medicação, etc.
Estudos realizados por Goldstein (1994) revelam que a maneira mais eficiente de tratar o TDAH é através de trabalho de grupo, que envolve tanto abordagens individuais com o portador como medicação, acompanhamento psicológico, terapias específicas, técnicas pedagógicas adequadas; e estratégias para as outras pessoas que convivem com ele como terapia para os pais ou família, esclarecimento sobre o assunto para pais e professores, treinamento de profissionais especializados.
No entanto, uma das maiores dificuldades para o tratamento da hiperatividade é a falta de pessoal treinado, capacitado e habilitado para o diagnóstico, tratamento e a educação no sistema de saúde pública e nas escolas. Outro grande entrave é a ignorância de um modo geral, isto é, o desconhecimento das instituições e das pessoas em relação as conseqüências de um TDAH não tratado. Não se pode deixar de salientar o preconceito, resultado da ignorância como um dos fatores que entravam e dificultam o tratamento.
O transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade e sua relação com a aprendizagem.
É importante que se compreenda antes de tudo a tarefa do professor enquanto um agente facilitador no processo de ensino-aprendizagem, tendo ciência, de que esta tarefa exige preparo especializado, tendo como grande desafio conhecer e compreender o modo dos hiperativos serem e estarem no mundo e quanto maior esse conhecimento, maiores serão as possibilidades de haver uma transformação.
Os professores devem estar preparados para atenderem as crianças hiperativas, uma vez que são assistentes diretos do comportamento delas, sendo mais fácil à percepção visto que podem realizar uma precisa comparação dos comportamentos com outras crianças de mesma faixa etária.
Ponto de destaque é que para a identificação de uma criança hiperativa na escola é necessário cautela e cuidado. Rohde (2003, p.18) acrescenta que “deve-se fazer uma avaliação para indicar se um determinado comportamento da criança pode ser comparado com o de um grupo de crianças da mesma faixa etária e sexo. É o chamado enfoque normativo”.
Diante do exposto o psicopedagogo Sanseverino (2005) assinala que a suspeita de um aluno com hiperatividade o professor deve se questionar sobre: O aluno comparado aos colegas é agitado? Acompanha o ritmo da classe? Expressa-se claramente? Se distrai facilmente? Perde ou esquece objetos? Não termina o que começa? Age sem prudência? Irrita os colegas?
É pertinente se ter em mente de que um certo grau de desatenção e hiperatividade ocorre normalmente nas pessoas, porém quando a hiperatividade é diagnosticada cabe ao professor dispor de um atendimento diferenciado ao aluno hiperativo, avaliando seus pontos fracos e fortes a fim de intervir de forma mais eficaz.
Neste sentido Brioso e Sarriá (1995, p.164) alertam que
O conhecimento, por parte do professor [...] é condição necessária para que proporcione a resposta adequada às necessidades da criança [...] devemos ter em mente suas dificuldades de concentração durante tempo prolongado, bem como para selecionar a informação relevante em cada problema, de forma a estruturar e realizar uma tarefa.
Portanto, é importante que o aluno hiperativo receba auxílios externos a fim de amenizar e até mesmo evitar as experiências de fracasso. No entanto, aos poucos, a criança hiperativa tem de perceber que não pode irritar os colegas, falar em hora errada, levantar-se a toda hora, que existem regras e limites que devem ser seguidos e cumpridos.
É importante destacar que a hiperatividade tende a perdurar ao longo da vida, ou seja, ela pode ser controlada, mas os adolescentes e adultos também sofrem as suas manifestações, principalmente se não forem tratadas. No diagnóstico clínico, o neuropediatra dará as informações da situação orgânica da criança, mas geralmente a queixa aparece por uma necessidade escolar ou de relacionamento.
Ao analisar o cotidiano escolar é pertinente acrescentar que deve-se ter muito cuidado, pois a hiperatividade está “em moda” e todas as crianças agitadas são chamadas de hiperativas, o que, na grande maioria das vezes, não é verdade. A falta de limites e da presença de pais e professores educadores e disciplinadores pode vir a confundir e a rotular, inadequadamente, crianças e adolescentes que, de fato, não precisam de medicamentos, mas da presença de adultos comprometidos com sua formação e desenvolvimento.
Diante disso, Tiba (2002, p. 152) acrescenta:
Diagnóstico apressado e equivocado tem feito pessoas mal-educadas ficarem a vontade para serem mal-educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo TDAH. O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento impróprio.
Sabe-se que o TDAH tem um grande impacto no desenvolvimento educacional da criança. Benczik (2002) salienta que estudos indicam que as crianças com TDAH em ensino regular correm risco de fracasso duas a três vezes maior que as crianças sem dificuldades escolares e com inteligência equivalente.
As crianças hiperativas, em sua maioria, até sabem o que deveriam fazer, mas devido à inabilidade de controlarem-se, não agem como sabem que deveriam, agem antes de pensar. Vale dizer que elas sabem que deveriam prestar atenção na aula, mas não prestam, levantam-se apesar de saberem que não deveriam levantar. Esse transtorno não afeta a inteligência da criança, mas a sua aprendizagem. Na maioria dos casos, as crianças e adolescentes tem uma boa ou até mesmo excelente condição de aprendizagem.
Na atualidade, a hiperatividade é considerada por seu grau de complexidade um dos fatores que mais interferem no processo ensino-aprendizagem da criança, e por causa da falta de preparo dos educadores em lidar com crianças hiperativas, as conseqüências podem ser mais traumáticas para o educando, levando até mesmo a sua exclusão.
Muitas vezes é difícil conviver com uma criança que não responde ao que é ensinado, vive derrubando coisas, no entanto, o importante é compreender os problemas sociais, escolares e familiares que o hiperativo enfrenta para conseguir auxiliá-lo sempre, pois quando a criança recebe ajuda especializada e tem a compreensão da família ela se torna mais feliz.
A fim de amenizar os conflitos da criança hiperativa Levy (2001, p.02) descreve alguns itens de como lidar com um hiperativo. “Estabelecer limites; Repetir a mesma instrução várias vezes sem perder a paciência; Elogiar o que a criança faz certo; Não encher o quarto de bichos de pelúcia nem de quadros nas paredes; Limitar o número de brinquedos disponíveis para evitar distração”.
Nesta perspectiva Orquiza (2006) também acrescenta que a criança hiperativa busca conflito para estimular seu próprio córtex pré-frontal, é um modo de tentar ligar o cérebro.
Alguns cuidados complementares ajudam a diminuir os problemas comportamentais dos hiperativos, em A Hiperatividade (2006) há algumas sugestões, mas que também devem ser seguidas com o conhecimento de profissionais. Estes cuidados são: uma dieta livre de substâncias como corantes, açúcar refinado, conservantes, flavorizantes, glutamato monossódico, cafeína e chocolate. Algumas frutas e legumes que contém salicilatos, como: amêndoa, maçã, banana, cereja, uva, limão, melão, laranja, pepino, pimentão, pimenta, ervilha, tomate etc. Evite que seu filho ingira esses alimentos em grandes quantidades, pois contribui para a hiperatividade. Estabeleça uma rotina em sua casa, diminua conflitos e estímulos diários, defina horários para alimentação, dormir, tarefas escolares, diversões etc. Atribua tarefas rápidas e simples a seu filho, assim ele conseguirá realizá-las; ao final agradeça e elogie sua contribuição. Estimule seu filho a participar de projetos que ajude ele a se concentrar como: colar fotos em álbum de família, álbum de figurinhas e contribua para que ele termine. Concluindo o projeto terá sensação de competência e melhora na sua auto-estima. Permitir que a criança, quando quiser, estude com música, em pé ou andando; não cobrar o método de estudo e sim o resultado. Procure terapia para toda a família, afinal todos precisam adaptar-se a nova rotina e respeitar o limite de cada um. É um processo que exige muita paciência dos pais e o equilíbrio e a harmonia familiar depende de todos, sem exaustão.
Destaca-se que a hiperatividade é mais facilmente detectada quando a criança inicia seus estudos, todavia os comportamentos já se manifestam a partir dos cinco anos.
Atenta-se para o fato de que um diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir os sintomas significativamente, diminuindo assim os conflitos e os prejuízos escolares. Cabe, então, aos professores estarem preparados para atenderem essas crianças hiperativas, uma vez que são assistentes diretos do comportamento delas caso sejam necessárias avaliações mais profundas o professor deve comunicar a família e a escola deve encaminhar a um especialista para que haja diagnóstico clínico.
Após confirmado o distúrbio cabe ao professor ter mais atenção com esse aluno mudando a estrutura da sala de aula, utilizando estratégias de ensino, oferecendo apoio e incentivo, mantendo contato direto e freqüente com os pais do hiperativo. Faz-se necessário assinalar que a identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado tem permitido a criança superar todos os obstáculos.
De acordo com Barkley e Murphy (2008) o tratamento do TDAH requer uma abrangente avaliação comportamental, psicológica, educacional e, às vezes, médica, seguida da educação do indivíduo ou dos familiares quanto à natureza do transtorno e aos métodos que, comprovadamente, auxiliam em seu manejo. O tratamento deve ser multidisciplinar, requerendo a assistência de profissionais de saúde mental, educadores e médicos em vários momentos de seu curso. O tratamento deve ser proporcionado durante longos períodos para ajudar a pessoa com TDAH no manejo contínuo do seu transtorno. Assim, muitos portadores poderão ter uma vida satisfatória, razoavelmente ajustados e produtivos.
Os sintomas do TDAH, no ambiente escolar, revelam uma dificuldade em terminar o trabalho de aula na classe ou de participar tranquilamente de uma equipe de esportes. Geralmente, essa criança se envolve em atividades mais improdutivas durante a aula e o recreio, se comparada aos seus pares. O desempenho acadêmico insatisfatório com freqüência acompanha o TDAH e pode ser uma característica estável do transtorno. Em geral, o professor observa uma discrepância entre o potencial intelectual da criança e o desempenho acadêmico da mesma, o que pode ocorrer mesmo entre as crianças com inteligência superior à média, afirma Benczik (2002).
A criança hiperativa, em sala de aula, exige uma atenção especial por parte do professor e nada melhor que este esteja bem preparado para saber contornar o problema, como posicionar este aluno em sala de aula e como proceder nas tarefas e no relacionamento, sendo um mediador. É importante ressaltar que o professor não pode atuar sozinho precisa de ajuda de uma equipe multidisciplinar para tentar contornar o problema de aprendizagem desta criança, não deixando-a de lado, excluindo-a.
Entra em tela a importância da educação inclusiva, que aparece nos dias de hoje, não só para incluir “deficientes mentais” como a maioria das pessoas pensa, mas sim, para incluir todos aqueles que apresentam um distúrbio ou comportamento fora da normalidade. Ao analisar a importância da educação inclusiva para a sociedade Sassaki (1998) comenta que uma escola inclusiva se caracteriza não por um conjunto de práticas, mas pelo seu compromisso frente à diversidade do alunado. Percebe-se a importância dos professores como principais agentes e parte fundamental no processo de inclusão.
De acordo com Winner (1998) os professores devem criar alternativas para auxiliar o ensino inclusivo do aluno hiperativo, dentre elas, propor seminários de discussão, nos quais cada aluno terá oportunidade para expor suas idéias, e assim, evitar que sempre os mesmos respondam aos questionamentos, tornando as aulas mais dinâmicas além de despertar mais interesse nos alunos, especialmente os alunos com TDAH, os quais são muito agitados e necessitam de atividades estimuladoras que prendam sua atenção.
A escola para receber crianças com necessidades educacionais especiais precisa ser repensada em todo o seu espaço, uma vez que, como afirma Mantoan (1997), a inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo.
É importante para que esse apoio geral ocorra, que a escola saiba como trabalhar com essas crianças e que esteja adaptada a elas e às suas necessidades, promovendo assim um ensino/aprendizagem com significado e êxito em que toda a escola esteja envolvida.
Neste sentido, salienta-se que a escola também desempenha um grande e importante papel, pois é ela quem dá o suporte para o professor, coordenadores e diretor que precisam estar mobilizados para atender tanto a família quanto o aluno portador do TDAH. Em muitos casos a hiperatividade é vista como um problema de aprendizagem, mas as crianças hiperativas podem possuir um índice de aprendizagem normal desde que se concentre e sejam atividades que prendam sua atenção.
Barkley (2002, p.21) descreve: “educar uma criança com TDAH pode ser a coisa mais difícil que você terá que fazer em sua vida” Quando pais, professores e alunos trabalham em conjunto o retorno na aprendizagem tanto cognitiva quanto social é muito importante na vida da criança.
Segundo os psiquiatras Mônica Duchesne e Ênio Roberto de Andrade (ABDA, 2002) pode-se usar métodos didáticos alternativos para melhoria do comportamento e desenvolvimento pedagógico da criança hiperativa, dentre os quais salienta-se: trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças hiperativas; dar tarefas curtas ou intercaladas, para que elas possam concluí-las antes de se dispersarem; elogiar sempre os resultados; usar jogos e desafios para motivá-los; valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura, mantendo sempre o estímulo, através de novidades no material pedagógico; permitir que elas consertem os erros, pedindo desculpas quando ofender algum colega ou animarem a bagunça da classe; mostrar limites de forma segura e tranqüila, sem entrar em atrito; orientar os pais a procurarem um psiquiatra, um neurologista ou um psicólogo.
O sucesso em sala de aula, freqüentemente, exige uma série de intervenções. A maioria das crianças com TDAH, pode permanecer na classe normal, com pequenos ajustes na sala, como a utilização de um auxiliar ou programas especiais a serem usados fora da sala de aula. As crianças com problemas mais sérios exigem salas de aula especiais.
Uma sala de aula eficiente para crianças desatentas deve ser organizada e estruturada. Primeiramente, o professor deve estar preparado o suficiente para receber uma criança portadora de TDAH e procurar conhecer melhor o quadro da disfunção, para saber como lidar com ela. Recomenda-se ignorar pequenos incidentes. O material didático deve ser adequado às habilidades da criança. Estratégias cognitivas que facilitem a auto-correção, e que melhorem o comportamento nas tarefas, devem ser ensinadas.
Ainda no rol de intervenções específicas que o professor pode fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula, apresentam-se as seguintes: proporcionar estrutura, organização e constância (sempre a mesma arrumação das cadeiras, programas diários e regras claramente definidas); colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor; elogiar, encorajar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam facilmente. Dar responsabilidades que elas possam cumprir fazendo com que se sintam necessárias e valorizadas; proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de maneira equilibrada; nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno; favorecer oportunidades sociais e proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos, pois em grupos menores as crianças conseguem melhores resultados; adaptar suas expectativas quanto a criança, levando em consideração as diferenças e inabilidades decorrentes do TDAH, e, por último, permanecer em constante comunicação com o psicólogo ou orientador da escola. Este é o melhor ponto de ligação entre a escola, os pais e o médico.
Golds (1999), orienta pais e professores para que mantenham uma comunicação freqüente a fim de aumentar as perspectivas de sucesso de seus filhos com TDAH. Eles devem ainda colocar limites claros e objetivos, com atitudes disciplinares equilibradas e proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado dos mesmos. Como forma de reforço positivo o professor pode utilizar os conceitos de compreensão, gentileza e ajuda amorosa e aplicá-los em situações reais da sala de aula.
Em relação às diferenças o professor deve frisar o respeito em sala, pois “é importante ensinar as outras crianças que todos somos diferentes e que todos devem se ajudar” (O’BRIEN, 1998, p. 43).
O professor precisa acima de tudo, perceber que ele tem em mãos uma criança muito especial. É muito possível que esse aluno com TDAH seja criativo, inteligente, multitalentoso e que deseje muito, agradar aos adultos que o rodeiam. Ele está habituado ao fracasso escolar e a ser mal compreendido pelos outros. O que realmente ele precisa é de compreensão, aceitação e amor. Se for encorajada e receber oportunidade, essa criança terá um grande potencial para o sucesso escolar e social.
Por fim, pode-se dizer que a escola e principalmente o professor devem ser fontes de equilíbrio cognitivo e afetivo para as crianças, tendo em vista as diferenças proveniências dessas crianças e seus diferentes problemas a fim de que todos saiam desta compreendendo sua posição como cidadãos, seus direitos e deveres e, finalmente, do papel que podem desempenhar na transformação social.
Fato que contribui é a escola utilizar-se de uma proposta pedagógica diferenciada, aproveitando a energia e a disposição do aluno hiperativo que precisará de exercícios e trabalhos para melhorar a concentração. A prática de jogos deve ser aliada, pois os jogos exigem atenção, ensinam que há regras a seguir, o respeito pelo adversário que de forma indireta dá a criança a noção de limites. O professor deve aproveitar o momento da criança portadora de TDAH em sala de aula e aplicar sua metodologia diferenciada, pois quanto mais qualificado for um professor, maior será sua capacidade de enfrentar o imprevisível e trabalhar com esta criança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa teórica realizada é possível afirmar que pessoas com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade passam boa parte de sua vida sendo consideradas incapazes, tendo sua auto-estima rebaixada e apresentam dificuldades em relacionar-se socialmente. São agitadas em demasia, concentram-se pouco e sua paciência é limitada. Crianças com hiperatividade estão sujeitas ao fracasso escolar, a dificuldades emocionais e a um desempenho significativamente negativo como adultos, quando comparados aos outros.
A hiperatividade é um problema social e seu diagnóstico é difícil, deve ser realizado por profissional habilitado a partir da observação da criança e da relação com o meio em que está inserida.
Portanto, é aconselhável que a família escolha uma escola que tenha a preocupação com o desenvolvimento global do aluno, em vez de uma que vise a algum tipo específico de sucesso (acadêmico, artístico, esportivo e outros). A escola que melhor atende as necessidades dos portadores de TDAH é aquela que tem sua preocupação maior voltada em desenvolver as potencialidades de cada indivíduo, respeitando suas diferenças, vibrando com suas conquistas, salientando seus pontos fortes e auxiliando na busca de alternativas para a superação de suas dificuldades, visto que as crianças hiperativas necessitam de apoio constante, de encorajamento, e acima de tudo, de uma intervenção psicopedagógica intensa.
É pertinente acrescentar que pais e professores podem, de maneira eficaz, auxiliar na reintegração do indivíduo aos grupos sociais e possibilitar a estimulação e valorização de seu aprendizado. O trabalho coletivo entre pais, professores, psicólogos e médicos permitirá à criança incluir-se em uma rotina estruturada em seu cotidiano, criando assim possibilidades de desenvolver uma vida normal. Ressalta-se que, a identificação precoce do problema, seguida por um tratamento adequado, tem demonstrado que essas crianças podem vencer os obstáculos.
Pode-se afirmar que os métodos de ensino tradicional não são capazes de promover uma adequada estimulação dos talentos dos estudantes com hiperatividade. Torna-se, portanto, necessário que o professor desenvolva ou adapte uma metodologia pedagógica de ensino ao aluno com TDAH para que possa ocorrer seu desenvolvimento educacional pleno, minimizando as dificuldades e não permitindo que haja exclusão. Neste sentido, afirma-se que o portador de TDAH impulsiona o professor a uma contínua reflexão sobre sua prática pedagógica, fazendo com que o mesmo esteja em uma busca incessante por novos estilos, novas formas de ensinar, a fim de atingir a todos os alunos e, principalmente, aqueles que possuem necessidades especiais.
Neste sentido, ressalta-se que o professor inclusivo deve ministrar aulas que consigam despertar o interesse dos alunos, e não somente aulas expositivas, os conteúdos devem ser ministrados com o objetivo de enfatizar os conhecimentos prévios dos alunos, problematizar os conteúdos novos e relacioná-los com a realidade das crianças, construindo os conceitos junto com os próprios alunos. Também é importante enfatizar que o professor deve explorar as diferentes maneiras de aprender dos alunos, a visual, a auditiva, a sinestésica e outras.
Sendo assim, é necessário que os cursos de graduação em licenciaturas invistam mais em disciplinas especializadas no atendimento desses alunos, que os professores se dediquem mais no sentido de procurar sempre fazer cursos de formação continuada com a proposta de proporcionar um processo de ensino-aprendizagem adequado para todos os seus alunos, para que então possam ter verdadeiras escolas inclusivas que proporcionem a todos os alunos, com necessidade especial ou não, um ensino pleno e de qualidade.
Para trabalhar com as diferenças, com a inclusão e, principalmente, com as crianças com TDAH, é preciso que hajam professores compreensivos, que tenham conhecimento a respeito do distúrbio, que tenham apoio de outros profissionais e sejam comprometidos com sua tarefa de educar, para que assim possam conduzir suas atividades, fazendo com que esses alunos “especiais” possam desenvolver todo seu potencial.
Por fim, pode-se afirmar que os objetivos foram alcançados a partir do momento em que foi possível identificar formas de inserir o aluno hiperativo nas práticas pedagógicas sem excluí-lo, evidenciando a importância da relação família e escola a fim de encontrar maneiras eficazes de lidar com esta criança ao mesmo tempo em que fica evidente que ainda há muito para ser pesquisado e estudado sobre este tema a fim de não deixar-se cair em modismos.
Conclui-se, então, que para trabalhar com crianças hiperativas as práticas pedagógicas precisam se preocupar em levar o aluno a transcender o espaço escolar, no sentido de se tornar apto para o enfrentamento dos obstáculos do dia a dia, ser capaz de criar, inventar, sonhar e sentir-se útil, independente de suas particularidades.
Referências
A HIPERATIVIDADE. Disponível em: http://www.amordemae.com.br/asp. Acesso em: 20 set. 2009.
ANDRADE, R. TDAH. 2000. Disponível em: http://www.hcnet.usp.br/releases/hiper.htm. Acesso em: 05 ago 2010.
BARKELY, R. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
BARKLEY, R.; MURPHY, K. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: exercícios clínicos. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BASTOS, L.; THOMPSON, T.; MARTINEZ, A. Uma revisão do distúrbio de déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo: Ática, 2000.
BENCZIK, E.P. Manual da escala de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
__________ . Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: atualização diagnóstica e terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
BRIOSO, A; SARRIÁ, E. Distúrbios de Comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
BROMBERG, M. C. Transtorno de déficit de atenção. 2001. Disponível em: http://www.hiperatividade.com.br. Acesso em: 04 set 2010.
DUSCHESNE, M.; ANDRADE, E. A criança com déficit de atenção: aspectos clínicos, terapêuticos e evolutivos. ABDA. 2002. Disponível em: www. hiperatividade.com.br. Acesso em: 13 jul 2010.
GOLDS, S. Compreensão, avaliação e atuação: uma visão geral sobre o TDAH. 1999. Disponível em: www.hiperatividade.com.br. Acesso em: 12 jul 2010.
GOLDSTEIN, S. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1994.
LEVY, D. A criança hiperativa. Revista Pátio. São Paulo: Abril, ago.2000.
__________. A criança hiperativa. Disponível em: www.viasaude.com.br/artigos/hiperativa.htm. Acesso em: 07 ago 2010.
MANTOAN, M. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997.
O’BRIEN, L. Como lidar com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade na pré-escola. 1998. Disponível em: www.hiperatividade.com.br. Acesso em: 25 ago 2010.
ORQUIZA, S.C. Hiperatividade: distração, impulsividade, a busca do conflito. 2006. Disponível em:http:www.orientacoesmedicas.com.br/hiperatividadedda2.asp//. Acesso em: 07 ago 2010.
TOPCZEWSKI, A. Hiperatividade como lidar? São Paulo: Ateniense, 1999.
ROHDE, L. A. Princípios e práticas em transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SANSEVERINO, M. Hiperatividade. Revista do Educador. Guia prático para professores. São Paulo: Paulista, jul. 2005.
SASSAKI, R. Inclusão, construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1998.
SILVA, A. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Editora Gente, 2003.
SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldade de aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
TIBA, I. Quem ama educa. 6 ed. São Paulo: Gente, 2002.
WINNER, R. Crianças superdotadas, mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
[1] Aluna do Curso de Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.
Oi Caliandra,
ResponderExcluirGostei do texto, muito bem escrito e com ótimas referências. Esse tema é um grande nó no dia-a-dia da escolas.
Abraço
Carla
Obrigada Carla!!
Excluir